domingo, julho 10, 2005

Viagem no Tempo

A dois posts atrás falei sobre o filme "Os Doze Macacos", não achei que voltaria a falar dele tão cedo. Mas uma interessante coincidência aconteceu e me obrigou a voltar nesse assunto.

No filme o personagem de Bruce Willis tem de voltar no tempo para investigar a origem de um poderoso vírus que praticamente exterminou a raça humana (Eu sei... Realmente essa sinopse parece resumo de filme EXTREMAMENTE ruim, mas não é o caso desse filme). A diferença desse filme para os outros títulos de ficção científica é a maneira como a viagem temporal é tratada nele.

Na maioria dos filmes a viagem no tempo acontece para mudar (ou evitar mudanças) o passado e por conseqüência alterar o futuro (Trilogia "De Volta Para o Futuro", "Exterminador", etc...). Já no "Os Doze Macacos" o passado é tido como algo imutável, algo que já aconteceu e que não pode ser alterado. Assim o personagem de Bruce Willis nada mais é do que um espectador no passado. Ele pode apenas coletar informações, sendo incapaz de alterar os fatos que já ocorreram (ou estão para ocorrer).

Aparentemente, pasmem, Terry Gillian e David Webb (diretor e roteirista do "Os Doze Macacos", respectivamente) estavam certos. Essa informação apareceu em várias revistas de publicação científica e de variedades.

A idéia da viagem no tempo já tirou muitas noites de sono dos mais famosos físicos. O tempo sempre foi tratado como algo constante e imutável, porém Einstein mostrou que as coisas não são bem assim. O tempo é sim uma variável. As implicações dessa descoberta de Einstein ainda hoje nos surpreendem e maravilham.

O famoso físico Stephen Hawking (considerado por muitos como o homem mais inteligente vivo) já havia concluído que viagens no tempo eram matematicamente possíveis. Vale lembrar que muitos físicos não concordam com essa conclusão. Só o tempo dirá quem está certo.

Para os leigos essa comprovação "apenas" matemática pode carecer de significado e legitimidade. Mas vale a pena lembrar que muitas das mais fantásticas descobertas foram primeiro previstas por meio da física e da matemática e só então comprovadas por experiências. A descoberta dos buracos negros é o clássico exemplo disto. Entretanto, Hawking não foi capaz de definir como seria a natureza dessas viagens no tempo.

Mas a própria idéia de viagem no tempo é paradoxal. Constituindo um pesadelo lógico.
Esse famoso problema de lógica é conhecido como "O paradoxo do avô". Pensem comigo:
Um sujeito viaja no tempo com o objetivo de matar o seu avô antes que este tenha filhos. Caso o sujeito mate o avô, então ele nunca poderia ter nascido. Sem ter nascido como poderia ter viajado no tempo para matar o seu avô!? Realmente um pesadelo lógico. Essa impossibilidade lógica levou muitos físicos, inclusive Einstein, a desacreditarem da possibilidade física de se viajar no tempo.

O físico americano Kip Thorne acredita ter chegado a uma conclusão matemática para "O paradoxo do avô". Os caminhos utilizados por Hawking e Thorne para alcançarem essas fantásticas teorias escapam ao nosso entendimento. Apenas um seleto grupo de cientistas é capaz de entender os cálculos envolvidos nessas teorias e as interpretações dos mesmos. Mas podemos sim nos maravilhar com as implicações dessas descobertas. Em teoria (é sempre bom repetir: Em teoria!) a viagem no tempo é sim possível e lógica. Essas viagens seriam realizadas por meio dos Worm Holes. Buracos no universo que unem dois pontos distintos do tempo e do espaço.

Voltemos ao clássico paradoxo, analisando o mesmo com base na teoria de Thorne. Ao retornar no tempo o neto JAMAIS seria capaz de matar o avô. Todas as suas tentativas seriam infrutíferas. A sua arma ia enguiçar, ele erraria o tiro, não ia conseguir encontrar o avô, etc... A natureza do universo conspiraria contra esse ato, preservando assim o passado. O fracasso desta tentativa de homicídio seria tão natural, aos olhos do universo, quanto o fato de uma maça cair ao soltarmos ela de nossa mão.

Realmente todo esse papo é de enlouquecer... Como disse Einstein:
“A coisa mais incompreensível do universo é o fato dele ser compreensível".
Ele estava certo, novamente.

Durmam tranqüilos, meus imaginários leitores. Ninguém vai conseguir apagar os seus atos do tempo. O passado, aparentemente, será sempre como o enxergamos atualmente: Uma pintura já concluída, quer gostemos ou não dela.

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Após essa viagem, fica ai a minha sugestão: "Os Doze Macacos". É um excelente filme com um bom elenco (destaque para Brad Pitt que, na minha opinião, faz neste filme a melhor performance da sua carreira).

Ainda bem que todos os meus leitores são imaginários... Nenhum leitor de carne e osso seria capaz de ler tudo isso.

6 Comments:

Blogger Stella said...

Não acredito que você tem suas memoráveis filosofias registradas em um blog e eu não sabiaaaaaa!!! Assim que eu chegar do ensaio, vou ler isso aqui e deixarei minhas opiniões, caso eu tenha algo a dizer. Gosto muito de você e de saber o que você pensa sobre muitas coisas, você sabe que nos parecemos em diversos aspectos.
Espero que isso aqui seja bem atualizado no decorrer da sua viagem. Aproveite muito e cape diem... ;)
Beijos, Stella =)
http://stella.akizuki.org

8:28 PM, julho 12, 2005  
Blogger Stella said...

PS.: "caRpe diem"... :)

8:29 PM, julho 12, 2005  
Blogger Clarice said...

Encontrei seu blog em um jogo numa comunidade do orkut e consegui ler o post até o final. Muito bem escrito, nem cansa a leitura, viu?
Parabéns!

1:35 AM, julho 13, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Ei! Eu sou de carne e osso! hehehe. E li td. Adoro ler coisas sobre viagem no tempo e worm holes. Ainda mais qdo são escritas de uma maneira fácil, q td mundo entenda! rs. Mas tomara q descubram ser "fisicamente" possivel uma volta no tempo antes da minha velhice. Eu quero passar por essa experiÊncia! ;o)

1:39 PM, agosto 18, 2005  
Blogger Marcos Rocha said...

Pow vc escreve mto bem, segue uma logica que a gente tem que ler todo pra entender.. ninguem com um certo interesse em viagem no tempo conseguiria ler so um pedaço do seu texto... mto bom... eu sou de carne e osso e li todo! (adoro o assunto)

1:34 PM, janeiro 28, 2009  
Blogger La Maya said...

Eu certamente não sou de carne e osso, confesso que dormi na quinta linha, hahaha! Sim, Os 12 Macacos é excelente! Eu e minha mãe sempre tivemos um vivo interesse a respeito das questões do universo, da astronomia, da Física em geral (ela era louca por Star Trek e Star Wars e sem dúvida seria do tipo que hoje manteria um bonequinho do Darth Vader numa prateleira na sala de visitas!), e uma vez ela me disse uma coisa que me colocou pra pensar... ela disse "Lúcia, sabe, se eu tivesse a oportunidade de voltar ao passado, eu acho que faria tudo, tudo igual. Porque então eu seria outra vez aquela mesma pessoa, com as mesmas ideias e experiências, e não teria mais a bagagem que hoje eu tenho pra que eu fosse capaz de fazer então alguma coisa melhor do que fiz." E eu apenas fiquei quieta e considerei aquilo por bastante tempo. E ainda hoje considero. Mas por outro lado, se somos capazes de provar matematicamente a existência de buracos negros, de worm holes, da matéria escura, de corpos invisíveis e supermassivos capazes de deformar o espaço-tempo, então o que mais seríamos capazes de especular, estudar e procurar provar? Uma vez ouvi, ou li, uma frase, infelizmente já não me lembro de quem: "uma vez que todo esse universo incrível e surpreendente veio a existir, então qualquer coisa é também passível de existência." E é a verdade, pra mim. É aquela coisa: se a minha xícara de café me der bom dia... hahaha! Agora, sobre a afirmação de Einstein, eu adoraria sentar 'numa' mesa de bar com ele, rachar umas cervejas e lá pelas tantas perguntar: e então, Einstein, será que esse nosso universo é compreensível mesmo? Assim, meeesmo? E em que medida, se nós próprios ainda não damos conta de nos compreender realmente? Em quantos níveis aquilo a que chamamos "compreensão" não estaria de alguma maneira nublado pelas camadas de bruma que deformam nossa própria capacidade de ver as coisas como "de fato" são? O quanto de nossa imperfeição, de nossas limitações acabam por definir e limitar tristemente aquilo a que chamamos "verdade"? Sigo pensando...

6:29 AM, outubro 24, 2017  

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