Nascidos em Bordéis
De tempos em tempos aparecem filmes e documentários que nos tocam de maneira especial. Nunca vi um documentário tão poderoso e comovente como o Nascidos em Bordéis.
A fotógrafa de formação americana Zana Briski estava na Indía fotografando as prostitutas e as suas condições de trabalho. Ela logo fez amizade com as crianças do local e reparou que havia uma história para ser contada por trás de cada uma dessas crianças. Assim nasce essa belíssima obra de arte do cinema-documentário.
O documentário acompanha um grupo de crianças nascidas e criadas na Zona da Luz Vermelha de Calcutá - Indía. Essas crianças são tratadas como lixo. Filhas de prostitutas e quase sempre sem uma figura paterna elas crescem largadas pelos guetos da zona vermelha. Tudo conspira para que essas crianças tenham uma droga de futuro. As meninas provavelmente também entrarão para a prostituição e os garotos terão de continuar a trabalhar em subempregos pelo resto de suas vidas.
A idéia do documentário é simples. A Srta. Briski presenteia cada criança com uma câmera fotográfica bem básica. A fotografa também ensina essas crianças a fotografar, ensinando a elas como melhor usar os equipamentos. Zana dá as crianças muito mais do que um aparelho fotográfico, elas ganham voz e esperança por meio das câmeras. E somos levados a enxergar o mundo pelos seus olhos e partilhar da suas vidas. Entre as aulas e saídas fotográficas, Zana também tenta arrumar um meio de melhorar as condições de vida dessas crianças. Aqui percebemos que a relação da fotografa com as crianças vai muito além do âmbito do filme. Não há espaço para o engajamento de mentirinha visto nos filmes de Michael Moore, por exemplo. Ela realmente age movida por um sentimento de compaixão para com as crianças.
Existe um ditado que diz que fotografia se faz com o peito e não com uma câmera, e essas crianças são prova disso. As fotografias são belíssimas, por ora dilacerantes de tão tristes e por vezes carregadas daquele otimismo que só crianças sabem ter. Além disso, o documentário é um primor em termos de edição, fotografia e de direção.
Tão Doce e Amargo como a própria vida. Assim é Nascido em Bordéis.
Esse filme é um tratado sobre a arte como forma de libertação e crescimento, sobre o talento desperdiçado em meio a pobreza, sobre o poder da compaixão e da indiferença. Uniu algumas das minhas maiores paixões: Crianças, Fotografia, Filmes e a Triste e Bela Poesia da Vida. É um daqueles filmes para rir e chorar.
Vale a pena assistir, e se deixar levar por essa poesia em movimento.
P.S.: Esse filme me lembrou profundamente da Kati. Já contei a história dela aqui: É como um sonho.
11 Comments:
Vou alugar o filme hoje mesmo.
Esse filme realmente sensibiliza as pessoas. É fantástico!
Uma bela iniciativa de Zana Briski ao retratar a realidade daquelas crianças.
Bárbara Campos.
A minha sessão terminou a pouco mais de meia-hora. Há tempos não me comovia com tamanha intensidade. É uma obra que toca o mais íntimo da alma, nos deixa inquietos. Parabéns pelo post, muito bom!
"Eu quero a espada em minhas mãos", Renato Russo
Rodrigo Ferracini
rodrigoferracini@hotmail.com
A sua resenha sobre o documentário está muito boa! Ela transparece a essência do fime.
Ps.: Eu assisti ao documentário em uma aula de fotografia e fiquei encantada com o trabalho de Zana Briski.
Achei muito interessante o seu ponto de vista sobre o documentário. Sinto-me feliz por saber que existem pessoas que ainda se sensibilizam com o outro, além de preocupar-se somente consigo mesmo. Nota-se realmente a indignação de Zana, além de seu empenho e tristeza ao tentar ajudar as crianças. Espero que mais pessoas vejam o documentário e possam (pelo menos) pensar na forma como agimos dia-a-dia.
Parabéns pelo blog! Abraço!!!
Me ajudou muito no meu trabalho da escola esse post !
vlw abração
ja assisti esse documenatario,me emoncionei muito ...
me partiu o coração,vendo aquela dura realidade,as crianças são as principais sofredoras,pois nao enxerga esperança em sua vida..
olha é muito bom mesmo,e vale a pena assistir..
muito bom seu trabalho...
Parabens Zana por explorar as crianças , vender sua ideia de colonizador a um bando de coitados e ganhar um oscar por um documentario que santifica a imagem de Madre Tereza Zana Briski na montagem, quem combate a consequencia do problema e não a causa é só um explorador atras de se auto promover.
poxa o filme toca mesmo na alma...chega a ser pior do que a educaçao do brasil...mas eu qria saber quais são os temas que estão relacionados com a filosofia?
obrigada!
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