Todas las calles donde me escondí
Foto tirada em Cochabamba - Bolívia 2004.
Me bateu uma saudade de me perder só, em uma noite estranha. Uma amiga me disse, certa vez, que todas as pessoas perdidas deveriam emigrar. A mais pura verdade. Se é para se sentir perdido então que seja em solo estrangeiro.
"Todas las mañanas que viví
todas las calles donde me escondí
...
Yo te conozco de antes
desde antes del ayer
yo te conozco de antes
cuando me fui
no me alejé
llevo la voz cantante
llevo la luz del ayer
llevo un destino errante
llevo tus marcas en mi piel
y hoy solo te vuelvo a ver".
posted by Discaciate at 1:45 PM
3 Comments:
Leandro;
Também gostei muito deste teu "bando de pensamentos" a la Hermann Hesse (e das pequenas-grandes imagens do fotolog).
Fiz a viagem Peru/Bolivia em janeiro de 2004 (37 dias!) e foi, sem dúvida, a experiência mais impressionante da minha vida (OK, eu confesso: chorei ao ler tua descrição da morte da lhama).
Depois conte um pouco mais do roteiro... chegou a ir até Potosi?
Te deixo o endereço da minha "casinha" no Orkut
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=5626401707343171736
e meu email:
gabilong@uol.com.br
De qualquer jeito, é bom saber que também tem alguém ouvindo "mariposa technicolor" em Brasília...
Hasta pronto,
Gabi Longman
Eu ia querer me perder pra sempre. ;o)
Eu te entendo tanto, tanto, querido e nobre cavaleiro errante Leandro... mas tanto, que chego a pensar que de fato yo te conozco de antes, desde antes del ayer, mi querida mariposa lleña de luz... llevo mi destino errante de gitana andaluz en mi sangre... llevo tus marcas en mi piel y en mi alma, y hoy solo te vuelvo a ver...
Escrevi uma vez algo que traduz exatamente esse sentimento, que é o mesmo que eu sempre carreguei aqui dentro... eterna estrangeira...
Deixo o texto aqui para ti. Quem sabe não te reconheces nele?
Conexão
9 de fevereiro de 2009
Ando sozinha nas ruas de Kowloon, junho de dois mil e seis, Hong Kong, outro mundo e não me sinto só. As feiras, os templos, as cores, incensos, luzes. O Victoria Harbour pontilhado de ferry boats, os edifícios iluminados, nada tem fim. Passo por mil rostos parecidos, passos apressados, eu não tenho pressa. O tempo pára comigo em cada esquina, tento prendê-lo em cada foto, ele me escapa, brinco com ele. Ali do outro lado do mundo eu sei quem sou. Mil desconhecidos e sou capaz de me encontrar nas escadas do Templo Po Lin, na mão direita do Buda gigante erguida em saudação, na neblina velando as montanhas. Estou no ar puro, na paisagem vasta e calma, no meu e no teu silêncio, namastê. Atravessei meio mundo pra encontrar a mim mesma, vazia de palavras, tão plena de sentido.
Meus pés descalços no asfalto, fevereiro de dois mil e nove, Brasil, procuro minha alma. Procuro minha razão, minha paixão e minha calma. Caiu pelo caminho, tenho certeza. Olho cada pedra e cada folha, as formigas sobre o pó, não me vejo sob a luz âmbar do poste que ilumina a rua. Cabelo solto, o vento, o céu de verão escurece e revela as estrelas. Respiro, sinto. O som do piano do meu pai, Für Elise, eu me lembro. Lembro quem fui, meu riso, as brincadeiras, mas sob os olhares conhecidos de agora já não sei quem sou. Misturo palavras e o sentido já não me vem. Tudo fora de lugar, eu sei, e não encontro. E esse vazio me dói tanto. Procuro conexão. Procuro olhos que não me atravessem e amores que não sejam descartáveis. Procuro uma presença que o tempo não seja capaz de me arrancar, não de dentro. Se a encontro, quem sabe encontro a mim mesma, meu porquê. Sigo descalça, angustiada, desconexa. O caminho é longo e dói. E eu sei.
Lúcia Ramos
Postado originalmente em https://clubedosintensos.wordpress.com/
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