A dois posts atrás falei sobre o filme "Os Doze Macacos", não achei que voltaria a falar dele tão cedo. Mas uma interessante coincidência aconteceu e me obrigou a voltar nesse assunto.
No filme o personagem de Bruce Willis tem de voltar no tempo para investigar a origem de um poderoso vírus que praticamente exterminou a raça humana (Eu sei... Realmente essa sinopse parece resumo de filme EXTREMAMENTE ruim, mas não é o caso desse filme). A diferença desse filme para os outros títulos de ficção científica é a maneira como a viagem temporal é tratada nele.
Na maioria dos filmes a viagem no tempo acontece para mudar (ou evitar mudanças) o passado e por conseqüência alterar o futuro (Trilogia "De Volta Para o Futuro", "Exterminador", etc...). Já no "Os Doze Macacos" o passado é tido como algo imutável, algo que já aconteceu e que não pode ser alterado. Assim o personagem de Bruce Willis nada mais é do que um espectador no passado. Ele pode apenas coletar informações, sendo incapaz de alterar os fatos que já ocorreram (ou estão para ocorrer).
Aparentemente, pasmem, Terry Gillian e David Webb (diretor e roteirista do "Os Doze Macacos", respectivamente) estavam certos. Essa informação apareceu em várias revistas de publicação científica e de variedades.
A idéia da viagem no tempo já tirou muitas noites de sono dos mais famosos físicos. O tempo sempre foi tratado como algo constante e imutável, porém Einstein mostrou que as coisas não são bem assim. O tempo é sim uma variável. As implicações dessa descoberta de Einstein ainda hoje nos surpreendem e maravilham.
O famoso físico Stephen Hawking (considerado por muitos como o homem mais inteligente vivo) já havia concluído que viagens no tempo eram matematicamente possíveis. Vale lembrar que muitos físicos não concordam com essa conclusão. Só o tempo dirá quem está certo.
Para os leigos essa comprovação "apenas" matemática pode carecer de significado e legitimidade. Mas vale a pena lembrar que muitas das mais fantásticas descobertas foram primeiro previstas por meio da física e da matemática e só então comprovadas por experiências. A descoberta dos buracos negros é o clássico exemplo disto. Entretanto, Hawking não foi capaz de definir como seria a natureza dessas viagens no tempo.
Mas a própria idéia de viagem no tempo é paradoxal. Constituindo um pesadelo lógico.
Esse famoso problema de lógica é conhecido como "O paradoxo do avô". Pensem comigo:
Um sujeito viaja no tempo com o objetivo de matar o seu avô antes que este tenha filhos. Caso o sujeito mate o avô, então ele nunca poderia ter nascido. Sem ter nascido como poderia ter viajado no tempo para matar o seu avô!? Realmente um pesadelo lógico. Essa impossibilidade lógica levou muitos físicos, inclusive Einstein, a desacreditarem da possibilidade física de se viajar no tempo.
O físico americano Kip Thorne acredita ter chegado a uma conclusão matemática para "O paradoxo do avô". Os caminhos utilizados por Hawking e Thorne para alcançarem essas fantásticas teorias escapam ao nosso entendimento. Apenas um seleto grupo de cientistas é capaz de entender os cálculos envolvidos nessas teorias e as interpretações dos mesmos. Mas podemos sim nos maravilhar com as implicações dessas descobertas. Em teoria (é sempre bom repetir: Em teoria!) a viagem no tempo é sim possível e lógica. Essas viagens seriam realizadas por meio dos Worm Holes. Buracos no universo que unem dois pontos distintos do tempo e do espaço.
Voltemos ao clássico paradoxo, analisando o mesmo com base na teoria de Thorne. Ao retornar no tempo o neto JAMAIS seria capaz de matar o avô. Todas as suas tentativas seriam infrutíferas. A sua arma ia enguiçar, ele erraria o tiro, não ia conseguir encontrar o avô, etc... A natureza do universo conspiraria contra esse ato, preservando assim o passado. O fracasso desta tentativa de homicídio seria tão natural, aos olhos do universo, quanto o fato de uma maça cair ao soltarmos ela de nossa mão.
Realmente todo esse papo é de enlouquecer... Como disse Einstein:
“A coisa mais incompreensível do universo é o fato dele ser compreensível".
Ele estava certo, novamente.
Durmam tranqüilos, meus imaginários leitores. Ninguém vai conseguir apagar os seus atos do tempo. O passado, aparentemente, será sempre como o enxergamos atualmente: Uma pintura já concluída, quer gostemos ou não dela.
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Após essa viagem, fica ai a minha sugestão: "Os Doze Macacos". É um excelente filme com um bom elenco (destaque para Brad Pitt que, na minha opinião, faz neste filme a melhor performance da sua carreira).
Ainda bem que todos os meus leitores são imaginários... Nenhum leitor de carne e osso seria capaz de ler tudo isso.