sexta-feira, abril 21, 2006

Nascidos em Bordéis

"Quando eu estou com uma câmera nas minhas mãos eu me sinto feliz. Eu sinto que estou aprendendo algo... Que eu posso ser alguém". - Suchitra, uma das crianças que aparecem no documentário Nascidos em Bordéis (Born into Brothels).

De tempos em tempos aparecem filmes e documentários que nos tocam de maneira especial. Nunca vi um documentário tão poderoso e comovente como o Nascidos em Bordéis.

A fotógrafa de formação americana Zana Briski estava na Indía fotografando as prostitutas e as suas condições de trabalho. Ela logo fez amizade com as crianças do local e reparou que havia uma história para ser contada por trás de cada uma dessas crianças. Assim nasce essa belíssima obra de arte do cinema-documentário.

O documentário acompanha um grupo de crianças nascidas e criadas na Zona da Luz Vermelha de Calcutá - Indía. Essas crianças são tratadas como lixo. Filhas de prostitutas e quase sempre sem uma figura paterna elas crescem largadas pelos guetos da zona vermelha. Tudo conspira para que essas crianças tenham uma droga de futuro. As meninas provavelmente também entrarão para a prostituição e os garotos terão de continuar a trabalhar em subempregos pelo resto de suas vidas.

A idéia do documentário é simples. A Srta. Briski presenteia cada criança com uma câmera fotográfica bem básica. A fotografa também ensina essas crianças a fotografar, ensinando a elas como melhor usar os equipamentos. Zana dá as crianças muito mais do que um aparelho fotográfico, elas ganham voz e esperança por meio das câmeras. E somos levados a enxergar o mundo pelos seus olhos e partilhar da suas vidas. Entre as aulas e saídas fotográficas, Zana também tenta arrumar um meio de melhorar as condições de vida dessas crianças. Aqui percebemos que a relação da fotografa com as crianças vai muito além do âmbito do filme. Não há espaço para o engajamento de mentirinha visto nos filmes de Michael Moore, por exemplo. Ela realmente age movida por um sentimento de compaixão para com as crianças.

Existe um ditado que diz que fotografia se faz com o peito e não com uma câmera, e essas crianças são prova disso. As fotografias são belíssimas, por ora dilacerantes de tão tristes e por vezes carregadas daquele otimismo que só crianças sabem ter. Além disso, o documentário é um primor em termos de edição, fotografia e de direção.

Tão Doce e Amargo como a própria vida. Assim é Nascido em Bordéis.

Esse filme é um tratado sobre a arte como forma de libertação e crescimento, sobre o talento desperdiçado em meio a pobreza, sobre o poder da compaixão e da indiferença. Uniu algumas das minhas maiores paixões: Crianças, Fotografia, Filmes e a Triste e Bela Poesia da Vida. É um daqueles filmes para rir e chorar.

Vale a pena assistir, e se deixar levar por essa poesia em movimento.

P.S.: Esse filme me lembrou profundamente da Kati. Já contei a história dela aqui: É como um sonho.

quinta-feira, abril 20, 2006

Quem diabos são vocês!?

Eu tenho um registrador de visitas colado a essa página.
Ele acaba de ultrapassar a barreira de 1 mil I.P.s visitados. O contador só registra endereços de I.P. distintos. Isso quer dizer que mais de mil pessoas DIFERENTES já passaram por aqui.

O meu blog recebe umas 4 ou 5 novas pessoas por dia. E é exibido umas 25 vezes por dia. O que quer dizer que alguns desocupados ainda tem a cara de pau de voltar aqui.

Mas quem diabos são vocês, que nunca escrevem ou comentam nada!? Será que só passam o olho ou se dão o trabalho de ler as minhas porcarias? E vocês não tem nada melhor para fazer?

sexta-feira, abril 14, 2006

"Life... don't talk to me about life."




Estou viciado no Marvin, o Paranoid Android (sim, a música do Radiohead é uma referência a esse personagem. Assim como o título do álbum que contem essa música - "Ok, Computer").

Marvin é um andróide super avançado com uma visão bem deprimente da existência. Criado pelo escritor britânico Douglas Adams, para a sua lendária "trilogia de cinco livros" do Guia do Mochileiro das Galáxias. O livro virou um programa de rádio extremamente popular na Inglaterra e, agora, um filme. Marvin é, sem dúvida, a mais interessante criação de Douglas Adams.

Adoro a sua visão sobre a existência. Um exemplo é quando perguntam para Marvin o que ele achou dos 500 bilhões de anos que ele passou esperando por uma nave em um estacionamento intergaláctico. A resposta:

"Os primeiros 10 milhões de anos foram os piores. E os 10 milhões de anos seguintes também foram os piores. Os próximos 10 milhões eu também não aproveitei nem um pouco. E depois deles a minha situação entrou em declínio".


Ou ainda quando a tripulação encontra o computador de uma nave inativo. Perguntam ao Marvin o que aconteceu, e ele responde:

"Simples. Eu fiquei bastante entediado e deprimido, então decidi me plugar à saída do computador. Eu conversei bastante com ele e lhe expliquei a minha visão do Universo".

"E então, o que aconteceu?" pergunta o tripulante.

"Ele se matou" disse Marvin antes de se retirar.

Esse andróide é definitivamente um ser de inteligência e entendimento superior.